Hoje com os meus colegas de trabalho, discutia as actividades que nos retiram da realidade e nos levam para um mundo paralelo, onde conseguimos nos abstrair dos problemas ou stresses diários, nem que seja por um breve momento. Falavam da importância desses momentos e discutiam quais eram esses momentos.
Falou-se de praticar desporto, tocar um instrumento, ouvir música, um bom filme, cozinhar etc. Nisto reparo que hoje em dia, não tenho nenhum actividade onde me abstraia completamente do mundo real. A única actividade que se aproxima é pratica de desporto, mas se eu for a ver bem, nem essa, pois vou para a bicicleta (estática), mas enquanto lá estou, estou a ver vídeos no youtube, ou quando me sento no sofá para ver televisão, acabo por estar com um olho na Televisão e outro no Telemóvel, etc.
Como os meus colegas dizem, são as contingências da sociedade moderna, vivemos para tecnologia e da tecnologia…. Mas o que me assusta é que não sou a única e que sem reparamos estamos viciados....
Enquanto continuamos a falar/postar/comentar/partilhar noticias sobre a nossa presença no Euro 2016 (campeonato da Europa de futebol para os mais distraídos), ou melhor sobre a nossa falta de presença, e sobre se é ou não crime o Cristiano Ronaldo ter atirado um microfone para um lago, estão a acontecer coisas muito graves em Portugal e na Europa e à boa maneira portuguesa, ninguém liga… Porque o que nós queremos é futebol, fado e festa!
Senão vejamos, a notícia do dia, a vitória do Brexit (alguém sabe o que é?!)… Ninguém consegue perceber nem prever as implicações directas e indirectas do resultado deste referendo, duas já são certas: desvalorização do Euro e Libra e dos mercados financeiros mundiais e o contágio por parte de outros países para uma possível saída (Suécia, Holanda, França, Itália, até a Turquia… estes foram os falados logo pela manhã). Ahhh outra coisa é certa, isto vai mexer no nosso bolso e não irá ser para melhor garantidamente!!!
Se todos nós usássemos a calculadora para tentar perceber quanto nos vai custar a injecção de capital na CGD, quanto nos vai sair do bolso para tentar cumprir o défice, quanto vamos pagar a mais nos nossos créditos à habitação (sim porque, quase de certeza a subida das taxas de juro irão ser uma das implicações a curto/médio prazo da saída do UK da EU), etc., em vez de estarmos a usar a tal calculadora para fazer as contas se a selecção portuguesa passa ou não aos oitavos e em que lugar do grupo ficamos, certamente daqui a algum tempo veríamos o retorno da nossa preocupação.
Mas como todos nós sabemos, este já é um problema antigo e que dificilmente o mudamos! Todos nós nos queixamos, mas ninguém se preocupa…
Uma coisa que irrita é os meios de comunicação levarem as notícias até à exaustão, mas o quê que nós (população) fazemos com a partilhas de certos artigos, por exemplo no facebook, ou na discussão de assuntos que não tem interesse absolutamente nenhum?! O mesmo... Ou pior… Um bom exemplo disso é a história do microfone e do Cristiano Ronaldo… Por favor, o mundo está para acabar e andamos cá nós a discutir o sexo dos anjos…
Ontem não sei quantas vi esse assunto no feed de notícias do meu facebook, ou nem sei quantos blogs.....
Resumo da história: Criticamos, mas acabamos por fazer o mesmo. Incluo-me também nesse grupo, pois acabo por partilhar também....
Eu sou bocadito medricas e esta história é um espelho disso… Um dia os meus pais foram de férias e eu fiquei sozinha em casa, pois a minha irmã estava a estudar fora e só vinha ao fim de semana. Uma bela noite despacho-me para ir dormir, ligo o alarme, levo o cão para o meu quarto e lá vou eu tentar dormir.
Às tantas a meio da noite, deviam ser umas 02:00, a minha super fera (era daqueles cães de raça pequena) desata de ladrar, fiquei cheia de medo, abro a porta do quarto e deixo-o sair para ele ir ver o que se passa e me proteger, foi para a porta de casa cheirar e cada vez ladrava mais e eu cada mais mais em pánico, liguei aos meus pais que estavam a 300km de distância para virem salvar.
Como é óbvio desvalorizaram a situação, ligo eu ao meu namorado a acordá-lo para me vir ele então salvar, lá veio ele montado no seu cavalo branco, chegou lá não se passava nada e lá fomos dormir os 3 (nós e o cão).
Aparentemente não se passou nada, dizem que foi desculpa para ele vir dormir comigo e ainda hoje gozam comigo, mas que tive medo tive.
Antes de ser mãe, quando vi-a outros pais dizia que se fosse eu, fazia assim ou assado, ou cozido… Mas o peixe morre sempre pela boca e eu talvez ande a morrer aos bocadinhos, pois a minha filha é criança muito difícil e às vezes o desespero é tanto que deixo que ela faça coisas que nunca imaginei que deixaria.
Ela desde que nasceu nunca foi uma criança fácil, primeiro cólicas, depois dentes, depois sei lá o quê e ficou assim. Talvez a tenha habituado a ser assim, ou seja mesmo do feitio dela, não sei… Mas ela passa o dia a reclamar/choramingar, não se entretém com nada, nem brinquedos, nem televisão, nem passeio, nada de nada… Chega a levar-me à exaustão, porque quer tudo e não quer nada. Muitos vão dizer para eu a deixar chorar que ela habitua-se, mas garanto-vos que não resulta, pois ela chora sem chorar, é um chorar sem lágrimas e consegue estar assim do dia todo.
A esta altura estão a pensar que lhe faço todas as vontades, estão enganados, eu sou uma pessoa que não cedo muito e que sei da importância das regras, mas por exemplo quando quero fazer o jantar acabo por ceder, ou então vou ter ela a choramingar/reclamar uma hora e eu não consigo ter cabeça para fazer o jantar. Mesmo nestas alturas tenho que ceder mais que uma vez, pois tudo a aborrece e tenho que ir mudando de objectos para entreter.
A minha mãe diz que ela sozinha é mais difícil que eu e a minha irmã juntas, na escola dizem que ela tem o feitio bem vincado para idade e que realmente tem um feitio complicado, etc.
Quando vou a algum lado e vejo outras crianças calmas ou brincar sozinhas nem que sejam só 5 minutos que é o tempo de os pais comerem, confesso que me dá uma ponta de inveja, não é por mal, mas dá…
Uma vez um pediatra disse-me que ela era uma criança que requeria mais atenção do que as outras e até deu um nome técnico… Não me quis aprofundar no assunto, sei que tenho que lidar com isso e que tenho que ter mais paciência, mas às vezes o desespero toma conta de mim e do meu marido. Existem dias realmente muito difíceis, mas tudo passa… E não é por isso que a amo menos...